DDMs 24h: A Política de ‘solução’ que sobrecarrega a Polícia Civil

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Por Opinião
Foto: Divulgação/Governo de SP

O Estado de São Paulo continua tentando tapar o sol com a peneira. O Governo anunciou, com grande alarde, a criação de sete novas Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) 24h nas cidades do interior. Com isso, o número de unidades desse tipo passa de 11 para 18. O objetivo é claro: dar mais visibilidade e cobertura à violência contra a mulher. O problema? A Polícia Civil já está no limite do colapso, com um déficit de 14.589 servidores em suas fileiras. Em vez de contratar mais profissionais, o que vemos é a sobrecarga dos poucos policiais restantes.

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) não esconde sua indignação com a medida. A presidente Jacqueline Valadares alerta que, com a criação das novas unidades, haverá remanejamento de policiais, o que significa retirar efetivo de outras delegacias e departamentos já saturados. “Vai ser a velha história: mais trabalho para quem já está sobrecarregado”, afirma Jacqueline, que também destaca o impacto nas investigações e no atendimento básico da população.

A falta de planejamento do Governo é evidente. Enquanto a criação das novas DDMs é uma ação necessária e importante, não há como ignorar o fato de que a Polícia Civil já opera com um déficit absurdo de servidores. Não adianta abrir novas unidades se o que a corporação realmente precisa é de mais concursos, salários mais justos e condições de trabalho decentes. Não estamos falando de uma falta de alguns recursos, mas de uma crise estrutural profunda.

O mais grave de tudo é que a saúde mental dos policiais também está em risco. A pressão de acumular funções e viajar longas distâncias para cumprir plantões em diversas unidades é algo que já está fazendo mal aos profissionais da segurança. Jacqueline destaca que “o Governo do Estado mostra que não se preocupa com a saúde mental de seus policiais”, uma vez que exige jornadas de trabalho absurdas de delegados, que acabam tendo que se deslocar por até 200 quilômetros para cobrir turnos.

A falta de planejamento está criando uma bola de neve, e a população, especialmente as mulheres vítimas de violência, pagam o preço. O Sindpesp, ciente das dificuldades que essa sobrecarga trará para a Polícia Civil, cobra que o Governo reveja suas ações, oferecendo mais recursos humanos e estrutura para que a ampliação das DDMs não seja uma medida de marketing vazio, mas uma ação efetiva para atender quem realmente precisa.

Não basta apenas aumentar as unidades se os recursos são escassos. O estudo sobre a viabilidade das novas DDMs 24h deve ser levado a sério. E, claro, os policiais que serão deslocados para essas novas unidades precisam ser devidamente compensados e tratados com justiça, garantindo que suas condições de trabalho não sejam ainda mais prejudicadas.

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