Formigas são peçonhentas? Butantan explica por que picadas causam tanta coceira

Rafael Mendonça
Formigas-de-fogo-vermelhas. Foto: Divulgação/Instituto Butantan

Elas são pequenas, parecem inofensivas, mas muitas formigas carregam veneno. O Instituto Butantan esclareceu, em publicação recente, que diversos tipos de formigas são, sim, peçonhentas – ou seja, produzem e injetam toxinas para defesa ou ataque. Em humanos, essas substâncias geralmente causam apenas dor e coceira, mas em outros animais, podem ter efeito paralisante ou até letal.

Por que a picada de formiga coça?

As toxinas liberadas por formigas, como o ácido fórmico ou substâncias injetadas por ferrões, causam reações alérgicas na pele humana, como vermelhidão, dor e coceira. Algumas pessoas mais sensíveis podem até apresentar choque anafilático, alerta o Butantan.

Além das espécies com ferrão, há outras que não picam, mas liberam ácido em forma de spray para espantar predadores. Esse composto também pode irritar a pele em grandes quantidades.

Formigas-de-fogo são as mais agressivas

No Brasil, a Solenopsis saevissima, popularmente conhecida como formiga-de-fogo ou lava-pés, é uma das mais conhecidas por seu veneno doloroso. A espécie é agressiva, invade áreas urbanas, danifica equipamentos e se tornou uma das maiores pragas do mundo.

O veneno dessas formigas contém alcaloides com potencial biotecnológico. Pesquisadores estudam seu uso em inseticidas, antibióticos e até quimioterápicos.

Formiga-bala: a picada mais dolorosa do mundo

Outra espécie impressionante é a formiga-bala (Paraponera clavata), considerada a dona da picada mais dolorosa do mundo. O veneno da espécie contém poneratoxina, uma neurotoxina que pode causar paralisia temporária, aumento da frequência cardíaca e até sangue nas fezes. Indígenas da etnia Sateré-Mawé, no Amazonas, usam essas formigas em rituais de passagem, exigindo que jovens guerreiros resistam às picadas para marcar a entrada na vida adulta.

Estudo científico e valor ecológico

Mesmo com os riscos, as formigas desempenham papéis ecológicos importantes, como dispersar sementes e controlar outras pragas. Segundo o Butantan, apesar do tamanho minúsculo, o potencial dos seus venenos para a ciência e medicina é vasto, embora desafiador de ser explorado pela pequena quantidade disponível em cada inseto.

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