Neste domingo (1º), o Brasil celebra o Dia do Idoso, uma data que nos convida a refletir sobre a trajetória e os desafios enfrentados por essa parcela da população. A história de Maria de Fátima Lopes, uma mineira que sonhava em ser professora, é um exemplo da realidade de muitos idosos no país.
Maria, que na adolescência foi impedida pelo pai de continuar seus estudos para cuidar dos irmãos, e mais tarde pelo marido, sob a justificativa de que deveria cuidar dos filhos, encontrou no trabalho de doméstica uma forma de sustento. Hoje, aos 60 anos, residente no Paranoá, região periférica do Distrito Federal, ela reflete sobre as escolhas que fez e os sonhos que deixou para trás. “Fico triste quando me chamam de velha”, desabafa.
O Estatuto da Pessoa Idosa, que completa 20 anos neste 1º de outubro, foi criado para proteger e garantir os direitos dos idosos no Brasil. Desde sua implementação, a população idosa no país cresceu significativamente, passando de 15 milhões para mais de 33 milhões de pessoas.
Ana Amélia Camarano, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destaca a necessidade de revisão do estatuto para refletir as mudanças na sociedade brasileira. Ela ressalta a importância de considerar as diferenças de raça, gênero e classe social, e de proteger grupos vulneráveis, como idosos negros e da comunidade LBGT.
O secretário da Pessoa Idosa, Alexandre Silva, reconhece os desafios enfrentados pelos idosos no Brasil e destaca a importância do estatuto para garantir políticas públicas e programas de assistência. Ele também vê a necessidade de revisão do estatuto para abordar questões contemporâneas, como a inclusão digital.
O senador Paulo Paim (PT-RS), autor da lei aprovada em 2003, vê o estatuto como uma luz para uma parcela da população que estava esquecida. Ele destaca a necessidade de valorização do salário mínimo e de combate a todo tipo de preconceito em relação ao idoso.