Bombeiro relembra cortejo de Ayrton Senna e destaca comoção nacional

Rafael Mendonça
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O cortejo que levava o corpo do piloto foi organizado pela Polícia Militar de São Paulo, que começou no aeroporto de Guarulhos, passou pelo velório aberto ao público na Assembleia Legislativa e encerrou no dia seguinte na chegada ao cemitério do Morumbi, na zona sul da capital. Foto: SSP/Governo de SP

Há 30 anos, o Brasil chorou a perda de Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1, e se despediu do piloto em um cortejo que reuniu milhares de pessoas nas ruas de São Paulo. O corpo de Senna, que faleceu em um trágico acidente durante uma corrida em Ímola, na Itália, foi transportado em um carro dos Bombeiros da Polícia Militar de São Paulo, que percorreu a cidade em um rito de despedida organizado pela corporação.

O então capitão Paulo de Freitas, responsável pelo planejamento e transporte do corpo de Senna, recorda o dia como o mais marcante de sua carreira. “Eu chorei várias vezes, e depois soube que todos no carro também choraram. Era uma despedida digna de um herói”, relembra Freitas, hoje coronel aposentado.

Cortejo e momentos marcantes

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Cortejo fúnebre de Ayrton Senna que ocorreu no dia 5 de maio de 1994. Foto: SSP/Governo de SP

A comitiva, que saiu do aeroporto de Guarulhos e seguiu até a Assembleia Legislativa para o velório, encerrou no cemitério do Morumbi, onde Senna foi sepultado. Freitas contou com uma equipe de cerca de 35 bombeiros, incluindo sete viaturas, todos mobilizados para garantir uma despedida que marcou o país e o mundo. “Estávamos sendo vistos pelo mundo inteiro, então precisávamos fazer o nosso melhor”, afirmou o bombeiro.

Durante o trajeto, um episódio inusitado chamou a atenção do público: uma pomba branca pousou na viatura que carregava o caixão e seguiu com o cortejo até a Avenida Rebouças. “Acredito que não foi coincidência”, contou Freitas, emocionado.

Além disso, o cortejo avançava em baixa velocidade, permitindo que a multidão prestasse seu último adeus ao ídolo. “Diminuímos para cinco quilômetros por hora por conta do mar de gente nas ruas. Foi o último momento deles com Senna, e eu queria que fosse especial”, explicou.

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Viatura que carregou o corpo de Senna. Foto: SSP/Governo de SP

A viatura eternizada

A viatura dos Bombeiros que transportou o corpo de Senna está hoje no acervo do Museu dos Bombeiros de São Paulo, inaugurado em 2004. O local, que reúne cerca de 40 viaturas históricas, fica na zona norte da capital, e é uma das maiores coleções do tipo no Brasil. Freitas, que ainda acompanha a Fórmula 1 e se emociona ao recordar os feitos de Senna, vê o museu como um tributo ao piloto e à sua importância para o Brasil. “Não tinha quem não amasse ele. Esse carro é especial para todos nós”, afirma.

O Grande Prêmio de Interlagos

Coincidentemente, o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1, realizado no Autódromo de Interlagos, teve início na mesma semana do aniversário de falecimento de Senna. A Polícia Civil e Militar organizou uma megaoperação de segurança para o evento, com uso de drones, câmeras e batalhões especializados para garantir um GP seguro e memorável para os fãs que, até hoje, reverenciam o legado do piloto.

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