Antônio Delfim Netto, um dos mais influentes economistas da história do Brasil, faleceu na madrugada desta segunda-feira (12), aos 96 anos, em São Paulo. O ex-ministro, que teve papel crucial nos governos militares das décadas de 60, 70 e 80, estava internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul da capital paulista, devido a complicações em seu quadro de saúde. A causa da internação não foi divulgada.
Carreira e legado
Delfim Netto iniciou sua carreira política como ministro da Fazenda, assumindo o cargo aos 38 anos em 1967, durante o governo de Costa e Silva. Ele foi um dos arquitetos do chamado “milagre econômico”, um período de forte crescimento econômico no Brasil, embora tenha sido criticado pela concentração de renda e pelas políticas repressivas do regime militar, incluindo sua assinatura do Ato Institucional número 5 (AI-5) em 1968.
Após sua passagem pela Fazenda, Delfim Netto serviu como embaixador do Brasil na França e, posteriormente, como ministro da Agricultura e do Planejamento nos governos de Ernesto Geisel e João Figueiredo. Mesmo após o fim da ditadura militar, ele permaneceu uma figura influente na política e economia brasileira, sendo eleito deputado federal por cinco mandatos consecutivos.
Vida acadêmica e publicações
Professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Delfim Netto deixou um legado acadêmico vasto. Em 2014, ele doou sua biblioteca pessoal, contendo mais de 100 mil títulos, à FEA-USP. Autor de mais de 10 livros e centenas de artigos, Delfim continuou ativo na imprensa até o final de sua vida, contribuindo regularmente para jornais e revistas de destaque nacional.
Despedida e legado
Delfim Netto deixa uma filha e um neto. O enterro será restrito aos familiares, sem velório aberto ao público. Sua morte marca o fim de uma era para a economia e a política brasileira, onde ele desempenhou um papel fundamental em alguns dos períodos mais controversos e transformadores do país.