Pesquisadoras do Laboratório de Desenvolvimento e Inovação (LDI) do Instituto Butantan, em parceria com a startup BiotechnoScience Farmacêutica, estão em fase de testes de uma pomada com propriedades cicatrizantes notáveis. O diferencial deste produto é seu princípio ativo, derivado de um fungo encontrado na Caatinga.
A pomada, além de auxiliar no processo de cicatrização, promove a produção de colágeno no tecido, resultando em uma cicatrização uniforme e sem a formação de queloides. Segundo Tainah Colombo Gomes, CEO da BiotechnoScience Farmacêutica, os estudos pré-clínicos indicam que a pomada é mais eficaz na produção de colágeno do que outras pomadas cicatrizantes disponíveis no mercado.
A descoberta do potencial cicatrizante da molécula produzida pelo fungo Exserohilum rostratum, oriundo da Caatinga, foi realizada pelos pesquisadores Ana Olívia Souza e Durvanei Augusto Maria do LDI. A Caatinga foi escolhida para o estudo devido à sua rica biodiversidade e por ser um bioma ainda pouco explorado.
Os princípios ativos do fungo, ao serem testados, mostraram ação antibiótica moderada e, ao serem avaliados quanto ao efeito antitumoral, levantou-se a hipótese de seu potencial na regeneração celular, associado à cicatrização de feridas.
A inovação não para por aí. Com a patente em mãos, o Escritório de Inovação e Licenciamento Tecnológico do Butantan orientou a criação de uma empresa para conduzir os estudos, alinhada à Lei de Inovação. O programa PIPE FAPESP, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, foi a fonte de financiamento.
O acordo estabelece que a patente poderá ser licenciada para a BiotechnoScience Farmacêutica, que está desenvolvendo o produto conforme as normas da Anvisa. Ao ser comercializado, a empresa pagará royalties ao Butantan, garantindo a devolução do investimento público na tecnologia e inovação.