Seis suspeitos são denunciados por assassinato de delator do PCC no Aeroporto de Guarulhos

Rafael Mendonça
Foto: Reprodução

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou nesta segunda-feira (17) seis suspeitos de envolvimento direto na execução de Vinicius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), assassinado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em novembro de 2024.

A Promotoria também pediu a conversão da prisão temporária dos envolvidos para prisão preventiva, ou seja, sem prazo determinado. A Justiça ainda não se manifestou sobre o pedido.

indiciados pcc
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Assassinato a mando do crime organizado

A investigação aponta que três policiais militares e três outros homens tiveram participação direta na emboscada contra Gritzbach. O delator foi executado como forma de vingança por supostamente ordenar a morte de dois integrantes do PCC.

Além do homicídio do empresário, o grupo também foi denunciado pelo assassinato de um motorista de aplicativo atingido por bala perdida e duas tentativas de homicídio, já que estilhaços dos disparos feriram outras pessoas no aeroporto.

Quem são os acusados?

Entre os seis denunciados, três são policiais militares:

  • Denis Martins (cabo da PM) – acusado de atirar contra Gritzbach com um fuzil;
  • Ruan Rodrigues (soldado da PM) – também apontado como um dos atiradores;
  • Fernando Genauro (tenente da PM) – teria levado os atiradores ao local do crime e auxiliado na fuga.

Outros três suspeitos ligados ao PCC também foram denunciados:

  • Kauê Amaral – atuava como “olheiro” e monitorava os passos de Gritzbach antes do crime;
  • Emílio Gongorra (“Cigarreira”) – apontado como um dos mandantes da execução;
  • Diego Amaral (“Didi”) – também tido como mandante do crime.

Os três últimos estão foragidos e são procurados pela polícia.

O que motivou o assassinato?

Segundo o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o delator foi executado a mando de “Cigarreira”, que buscava vingança pela morte do traficante Anselmo Santa Fausta (“Cara Preta”) e seu motorista, Antonio Corona Neto (“Sem Sangue”), em 2021.

Além disso, o delator era suspeito de ter desviado dinheiro da facção e havia denunciado esquemas de corrupção envolvendo policiais civis e militares ligados ao PCC.

Crimes apontados pelo MP

O Ministério Público denunciou os seis suspeitos pelos seguintes crimes:

  • Homicídios qualificados (motivo torpe, emboscada e uso de arma de fogo de uso restrito);
  • Tentativas de homicídio (duas vítimas feridas no aeroporto);
  • O MP ainda avalia se denunciará o grupo por associação criminosa.

Se condenados, os réus podem pegar penas que chegam a 100 anos de prisão cada um.

Próximos passos da investigação

A Polícia Civil segue apurando a participação de outros PMs que faziam escolta ilegal de Gritzbach. Há indícios de que alguns deles forneceram informações privilegiadas para os executores.

Além disso, a Polícia Federal (PF) investiga um suposto esquema de corrupção envolvendo policiais civis e o crime organizado. Em fevereiro deste ano, 12 pessoas – sendo oito policiais civis – foram tornadas rés por ligação com o PCC, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.

A Justiça ainda precisa decidir se aceita a denúncia para transformar os acusados em réus e dar início ao julgamento do caso.

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