A Faculdade Santa Marcelina anunciou, por meio de comunicado oficial, a interdição da atlética de medicina após a exposição de uma faixa com a frase “entra porra, escorre sangue” durante evento esportivo universitário no dia 15 de março. A expressão, considerada uma referência ao estupro, gerou ampla repercussão negativa e motivou a abertura de investigação pela Polícia Civil e pela Delegacia de Defesa da Mulher.
A instituição informou que já tomou uma série de medidas, incluindo a instauração de sindicância interna, o envio de informações ao Ministério Público, a identificação dos alunos à Polícia Civil e a interdição da atlética até nova ordem. Em nota, a faculdade reforçou seu compromisso com um ambiente acadêmico ético, seguro e respeitoso, e afirmou que os envolvidos podem ser expulsos.
O caso veio à tona após denúncia feita pelo Coletivo Francisca, grupo feminista formado por alunas e ex-alunas do curso de medicina, que repudiou a retomada de um antigo “hino” da atlética já banido em 2017 por conter conteúdo machista, sexual e ofensivo, inclusive contra integrantes da própria instituição.
Polícia Civil já colheu depoimentos
A Secretaria da Segurança Pública informou que a Polícia Civil já identificou os estudantes e começou a ouvir os depoimentos. A investigação está sob responsabilidade da 8ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), que segue com diligências para esclarecer os fatos e analisar a possibilidade de responsabilização penal dos envolvidos.
Entenda o contexto
O conteúdo da faixa fazia parte de um antigo cântico da atlética usado em jogos e eventos, com trechos que fazem referências explícitas a estupro e violência sexual. Em resposta, o coletivo cobrou providências firmes da faculdade e classificou o episódio como reflexo de uma “cultura do estupro” ainda presente em faculdades de medicina.
Em entrevista ao portal g1, uma ex-aluna da instituição afirmou que situações como trotes humilhantes, juramentos sexistas e hinos com conteúdo violento ainda são comuns em eventos universitários, e que este episódio demonstra a urgência de ações mais efetivas contra esse tipo de conduta.
Faculdade diz que vai garantir direito de defesa, mas reforça rigor
Em novo comunicado publicado nas redes sociais, a Faculdade Santa Marcelina destacou que seguirá o devido processo legal, garantindo direito ao contraditório e à defesa aos envolvidos. No entanto, reafirmou que o caso será tratado com a seriedade que exige, e que a sindicância interna pode resultar em advertência, suspensão ou expulsão.