Aluna de SP cria dispositivo para diagnosticar doenças respiratórias e vai aos EUA

Ana Elisa Brechane participou da principal feira de ciências do mundo; protótipo criado pode apoiar o tratamento de asma e bronquite

Rafael Mendonça
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Ana Elisa Brechane participou da principal feira de ciências do mundo; protótipo criado pode apoiar o tratamento de asma e bronquite - Foto: Governo de SP/Divulgação

Foi com o objetivo de cuidar da saúde das pessoas que a aluna da rede estadual Ana Elisa Brechane da Silva, de 16 anos, criou o ConnectBreathe. O dispositivo é capaz de fazer o diagnóstico e apoiar o tratamento de doenças respiratórias. Com esse projeto, além de receber premiações na Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia) em março, Ana foi selecionada para a Feira Internacional de Ciências e Engenharia (International Science and Engineering Fair – Isef), considerada a maior do mundo. O evento encerrou na sexta-feira (17).

“O ConnectBreathe pode fazer o diagnóstico do sistema respiratório dos pacientes para doenças como asma, bronquite, enfisema pulmonar e também pode fazer o tratamento para fortalecer a musculatura respiratória desses pacientes e de quem foi acometido por Covid, por exemplo”, explica a estudante de Santa Rita d’Oeste, a 629 quilômetros de São Paulo.

Esta é a segunda vez que Ana Elisa é selecionada para a Isef com o mesmo projeto. Em 2022, a estudante esteve em Atlanta, nos Estados Unidos, com a primeira versão do ConnectBreathe, idealizado com o objetivo de apoiar a fisioterapia respiratória no tratamento pós-Covid. Ela recebeu com surpresa o anúncio da segunda seleção. “Na época, considerei que a minha seleção ocorreu por conta da problemática da Covid. Jamais imaginei que seria selecionada novamente, apesar de ter continuado a trabalhar no projeto e expandido suas possibilidades de diagnóstico e tratamento”, afirma ela.

Atualmente, a aluna está matriculada na Escola Estadual Professora Maria das Dores Ferreira da Rocha, na Diretoria Regional de Ensino de Jales. Além de reconhecer o apoio e incentivo da família e dos professores da unidade no desenvolvimento de todo o projeto, ela destaca a atuação do professor Eder Carlos Antoniassi, docente que atua com projetos científicos em aulas voluntárias aos finais de semana.

O professor Eder acompanha Ana Elisa à feira em Los Angeles e fará a ponte, segundo Ana, para que o projeto ConnectBreathe — que tem baixo custo de produção e pode modificar a forma como as doenças respiratórias são tratadas — seja patenteado.

O que é o ConnectBreathe?

O projeto, que leva o nome e sobrenome ConnectBreathe: sistema biomédico multiplataforma para fisioterapia respiratória com gameterapia, e agora é apresentado mundialmente, envolve, de acordo com Ana e Eder, um sistema biomédico multiplataforma capaz de fazer a análise da musculatura pulmonar dos pacientes através de uma manovacuometria digital (um teste em que é preciso inspirar e expirar) e promover o fortalecimento da musculatura respiratória, aliando os exercícios a jogos digitais lúdicos. A aluna desenvolveu duas válvulas para oferecer resistência ao fluxo respiratório e fortalecer a musculatura respiratória nos exercícios. A partir do conhecimento em gameterapia, e como complemento dispositivo pressórico, a jovem cientista criou um aplicativo para dispositivos móveis com jogos digitais temáticos com conexão via bluetooth e uma plataforma para computadores para deixar os exercícios respiratórios lúdicos e motivantes, que podem aumentar a adesão e permanência no tratamento.

Ana na Febrace

Na Febrace, Ana Elisa recebeu um total de quatro premiações, entre elas a de 1º lugar na categoria Ciências e Saúde, o que possibilitou a classificação para a feira internacional de ciências e engenharia.

Para a jovem cientista, o grande momento foi receber uma premiação das mãos de seus ídolos na ciência. “Eu recebi um dos prêmios de destaque entregues pelo Iberê Thenório e Mariana Fulfaro, do Manual do Mundo, um canal que assisto e acompanho desde criança. Foi um choque para mim, que venho de uma cidade tão pequena. Não tenho como explicar a minha reação e emoção em receber um prêmio feito pelo Iberê”, conta.

Mesmo estando entre as alunas cientistas do Ensino Médio em uma feira de caráter mundial, Ana mantém os pés no chão. “Eu competi com estudantes que têm muito mais recursos e estão em grandes centros, como estudantes de escolas particulares. Espero que consiga continuar a desenvolver esse projeto. Gostaria muito de cursar faculdade em uma área que esteja ligada a ele, e quem sabe continuar ajudando em várias condições e outras situações cotidianas”, finaliza.

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