Ancestralidade pode influenciar no tipo de câncer de mama, aponta estudo do Hospital do Câncer de Barretos

cancer de mama
Foto: Governo de São Paulo/Divulgação

Um estudo recente conduzido por pesquisadores do Hospital de Amor, anteriormente conhecido como Hospital do Câncer de Barretos, revelou que a ancestralidade pode ser um indicador significativo do tipo de câncer de mama que uma pessoa pode desenvolver. A pesquisa, publicada na revista Clinical Breast Cancer, destaca a importância de considerar a ancestralidade genética, e não apenas a cor da pele, ao avaliar os riscos associados a diferentes tipos de câncer de mama.

Detalhes do Estudo

A equipe de pesquisa realizou a primeira avaliação de ancestralidade em pacientes com câncer de mama no Brasil, considerando diferentes subtipos moleculares do câncer. A análise foi baseada em marcadores genéticos de ancestralidade especialmente selecionados para a população brasileira, uma nação conhecida por sua diversidade e miscigenação.

René Aloisio da Costa Vieira, um dos coordenadores do estudo, enfatizou a necessidade de exames anuais para populações com ascendência africana, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Essa recomendação surge da observação de uma maior proporção de ancestralidade africana em mulheres diagnosticadas com o subtipo molecular triplo-negativo, uma forma mais agressiva de câncer que se multiplica rapidamente e possui menos opções de tratamento.

Ancestralidade e Câncer: Uma Conexão Complexa

O estudo analisou mais de mil pacientes de diferentes regiões do Brasil, descobrindo que a ancestralidade genética estava associada à classificação molecular do câncer. Rui Manuel Reis, coordenador do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) da mesma instituição, destacou que a cor da pele não é um determinante para o tipo de tumor, mas sim a ancestralidade.

Implicações para a Prevenção e Tratamento

Os resultados do estudo podem ter implicações significativas para a prevenção e tratamento do câncer de mama no Brasil. Vieira sugere uma maior regularidade nos exames de rotina, como a mamografia, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do país. A recomendação é baseada na rápida progressão do subtipo triplo-negativo do câncer de mama, que pode duplicar de tamanho muito rapidamente.

Conclusão

A pesquisa destaca a complexidade da relação entre ancestralidade e câncer de mama, sugerindo uma abordagem mais nuanceada para a prevenção e tratamento da doença. A consideração da ancestralidade pode ajudar a identificar indivíduos em maior risco e garantir que recebam a atenção médica adequada.